É NOSSA ESCOLHA
Pode não ser algo que muitas pessoas percebam, mas, falando diretamente para mulheres, você começou a usar maquiagem por vontade própria? Creio que a maioria dirá que sim, mas o que muitas de nós não percebemos é que essa “vontade própria” muitas vezes vem acarretada de um grande peso da indústria de cosméticos.
A questão é que não é errado o fato de usar maquiagem. Mas a partir do momento em que quem usa acha que é quase uma obrigação própria, como se só estivesse bonita ao fazer o uso de tais produtos, é ai que está o erro. Pois somos estimulados (a)s pela indústria constantemente que precisamos corrigir isso, que ficaremos mais atraentes se utilizarmos batom x, que não podemos sair de casa sem produto y. Reforçando que, se você gosta de usar e se sente bem, sem problemas, mas se você acha que isso é quase uma necessidade, aí é que encontramos o perigo.
Cansada dessa pressão “para serem perfeitas” que é aplicada em cima das mulheres, Alicia Keys publicou uma carta sobre autoestima e conta que, para ela, não usar maquiagem significa liberdade é disso que ela está falando. Ela não é contra maquiagem, ela é contra a sensação de que devemos estar perfeitas o tempo todo.
“Todos nós (especialmente as garotas) passamos por um momento em nossas vidas em que tentamos ser perfeitos. Pode ser na segunda série, depois das fotos de classe, quando você nota que seus colegas estão rindo do seu cabelo cacheado/com frizz, mesmo que sua mãe diga que é lindo.
Pode ser no ensino médio, quando todas as “garotas bonitas” usam batom, delineador e máscara de cílios. Elas parecem modelos e te fazem se sentir ligeiramente desconfortável consigo mesma ou simplesmente invisível. Para mim, não acabou aí – quando comecei a ficar famosa, as pessoas me diziam que eu parecia grosseira, que eu devia ser mais feminina, que eu provavelmente era gay por causa disso. Mas a verdade é que sou de Nova York, onde todos que eu conhecia eram assim. Em Nova York, você precisa ser forte e os outros precisam saber que você não foge da briga, não tem medo de lutar.
Aos poucos, fui tentando me transformar num camaleão – não estava sendo 100% quem eu era, mas queria agradar as pessoas e por isso fui mudando.
Antes de começar a produzir meu novo álbum, fiz uma lista de coisas das quais eu estava cansada – uma delas era esse sentimento de que nós, mulheres, sofremos essa lavagem cerebral para achar que precisamos ser sempre muito magras, sexies, desejadas, perfeitas… Cansei de estarmos o tempo todo sendo julgadas, dos meios de comunicação que nos fazem acreditar que uma mulher de tamanho ‘normal’ não é ‘normal’ – muito menos ser plus size. Ou da ideia de que sexy significa estar quase pelada.
(…)
Toda vez que eu saía de casa, eu ficava muito preocupada se não aplicasse maquiagem. E se alguém quisesse uma foto? E se alguém POSTASSE essa foto? Isso me fazia cada vez mais insegura – e tudo isso baseado na importância que eu estava dando ao que os outros pensavam de mim.
Até o dia em que fui fazer as fotos para meu novo álbum – tinha acabado de sair da academia, estava sem maquiagem, com um lenço amarrado na cabeça. E a fotógrafa sugeriu que fizéssemos assim mesmo. Fiquei chocada e nervosa na hora, mas fizemos. E depois olhando o resultado, vi que foi o momento em que me senti mais forte, mais empoderada, mais livre e mais bonita. E isso foi uma revolução para mim. Não quero mais me cobrir. Nem meu rosto, nem minha mente, nem meus pensamentos, nem meus sonhos, minhas lutas, meu crescimento emocional. Nada.”
Aceitar quem somos de “cara limpa” é essencial para não sermos sufocados pelos padrões impostos socialmente.
Bom texto.tema bem abordado.parabéns
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